Poliamor Entre os Jovens de Salvador (2013)

O documentário foi produzido em 2013 como parte do Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Jornalismo da estudante Fernanda Fahel, responsável também pela idealização e criação do blog Mundo Poli-Amoroso. Confiram e compartilhem essa ideia com seus amigos!

WHY KNOT – Quebrando o silêncio na monogamia

O documentário WHY KNOT – Breaking the Silence on Monogamy (2014, CANADÁ) conta a história do filmográfo Dhruv Dhawan (diretor e produtor do filme) que tenta separar amor e sexo, ao mesmo tempo em que o apelo do casamento cresce cada vez mais. Para isso, ele acompanha vários matrimônios pródigos dentro de sua família.

Enquanto é pressionado a seguir formalidades, ele tenta achar respostas para algumas perguntas por meio de entrevistas com seus parentes e especialistas do assunto, além de se esforçar para mediar uma relação aberta com a mulher que ama.

Sua busca nos leva além do seu quarto, através da biologia do sexo, a história do patriarcado e a política da monogamia na qual sua namorada, cientistas, poliamoristas, seus amados e até vermes se tornam parte dessa narrativa auto-reflexiva.

WHYNOT é uma jornada intelectual e emocional por entre o quadro da monogamia, questionando o que significa ser humano e confrontar esse conflito entre nossos instintos e nossas morais. (Tradução e alterações nossas)

A produção, que ainda procura por suporte para seu lançamento oficial em 2014, conta com a participação dos renomados escritores Dr. Christopher Ryan, de “Sex at Dawn“; Dossie Easton, autora de “The Ethical Slut“; Dr. Stephanie Coontz, “Marriage, A History“; Dr. David Barash e Dr. Judith Lipton, autores de “The Myth of Monogamy” e “Strange Bedfellows”.

Fonte: http://www.indiegogo.com/

Filmes, filmes, filmes! Confiram!

Triangulo Amoroso (Alemanha, 2010)

de Tom Tykwer
Os quarentões Hanna (Sophie Rois) e Simon (Sebastian Schipper) estão unidos há vinte anos. Ela apresenta um programa na TV e ele trabalha com arte. Ao conhecer o cientista especializado em genética, Adam (Devid Striesow), num congresso, Hanna trai o amado, enquanto ele passa por uma cirurgia de emergência: a retirada de um testículo sob suspeita de câncer. O relacionamento vai esfriando, até que Simon recebe cantada de um homem no vestiário da academia onde pratica natação. Trailer com legenda em português.

Todas as cores do Amor (Irlanda, 2003)

de Elizabeth Gill
Kate fica com Angie, que fica com Red, que fica com David, que fica com Rosie, que quase se casa com Larry, que fica com Clara, que fica com Tom, que fica com Isolde, que fica com Clara. Neste filme de pouco mais de uma hora de duração, é difícil acompanhar a formação e o rompimento de tantos casais sem perder a conta. Como pano de fundo para a fluidez destes relacionamentos está a teoria sobre a memória afetiva (que inspira o título original do filme) defendida por um dos personagens: nossa lembrança dos relacionamentos amorosos dura apenas 3 segundos, tal como a memória dos peixinhos dourados. Assim, toda vez que nos apaixonamos, uma espécie de reação química apaga a lembrança da última dor de amor e podemos sentir a emoção de uma experiência totalmente nova. A partir desta premissa, o filme apresenta um painel dos relacionamentos contemporâneos, compondo casais para praticamente todos os gostos e torcidas (Texto retirado do site Safo no Cinema)


Eu, tu, eles (Brasil, EUA, 2000)

de Andrucha Waddington
Darlene (Regina Casé), grávida e solteira, vai embora da sua região e retorna três anos depois ao trabalho pesado dos canaviais no nordeste brasileiro com Dimas, seu filho. Osias (Lima Duarte), um homem mais velho e orgulhoso de ter construído sua própria casa, lhe propõe casamento e Darlene logo aceita. Ele se aposenta, enquanto ela continua trabalhando duro nos canaviais e em poucos anos nasce um segundo filho, muito mais escuro que Osias. Então ele leva Zezinho (Stênio Garcia), seu primo que é quase da sua idade além de ser um bom cozinheiro, para morar com ele. Darlene fica feliz com a chegada de Zezinho e logo nasce outra criança, esta bastante parecida com Zezinho. Pouco tempo depois Darlene convida Ciro (Luiz Carlos Vasconcelos), que trabalha com ela nos canaviais e não tem onde dormir, para jantar. Zezinho é contra, mas Osias diz que a casa é dele e que o recém-chegado é bem vindo e pode dormir lá. Ciro acaba morando lá, mas a chegada de outro filho, desta vez parecido com Ciro, leva Osias a tomar uma decisão. (Texto modificado retirado do site Adoro Cinema)

Poliamor exige maturidade emocional, respeito e muita compreensão

Love

Acredito que ler sobre o poliamor e entender de verdade suas argumentações é sempre muito convincente. No entanto, achei importante rebater um “porém” – muito comum e digno – com o qual me deparei diversas vezes ao tentar explicar um relacionamento poliamoroso. Acontece que muita gente concorda com os ideais do Poliamor, mas afirma que na prática eles não funcionam, seja por conta dos ciúmes ou pela supostamente prejudicial divisão de atenção.

Decidi, então, ir direto ao ponto por meio de exemplos vivos e, em seguida, comentar a respeito. Trago aqui dois casais que optaram pelo formato poliafetivo. Um deles participa do Documentário “Poliamor entre os jovens de Salvador”, de minha autoria e ainda para ser lançado. O outro casal preferiu não se expor, portanto, receberam codinomes.

Gabriel, de 23 anos, namora Roberta, de 22. Após 1 ano de relacionamento e várias discussões sobre liberdade, o casal decidiu pesquisar sobre as possibilidades no amor, atitude que, após mais um ano de união, revolucionou a vida amorosa dos dois. “A gente leu, viu filmes, conhecemos pessoas (…) e percebemos que não estávamos vivendo conforme nossas crenças. Mais tarde, encontramos o momento perfeito para nos darmos a chance. Roberta estava prestes a viajar e decidimos fazer um teste. Durante esse período, estaríamos livres para nos envolver com outras pessoas. Por sorte, ambos tivemos a chance de conhecer pessoas legais. No início, eu me senti estranho e ela também. Mas, quando Roberta voltou, compartilhamos nossas experiências e percebemos que não havia nada demais. Tudo estava do mesmo jeito. Foi o começo de uma nova fase – ainda em processo de evolução.”

Gabriel afirma que a regra principal da relação é “omita, mas não minta”. O acordo entre eles tem como pressuposto que, em respeito à própria individualidade, nenhum dos dois é obrigado a contar tudo. Quando não querem responder alguma pergunta, eles dizem em tom de brincadeira: “não é da sua conta”.

Os acordos entre poli-casais, assim como o formato das poli-relações, são diversos e passíveis de grandes metamorfoses, que acontecem conforme a fluidez das necessidades de cada um. Roberta, por exemplo, ainda não se sente à vontade para saber sobre as outras companheiras de Gabriel e, por isso, pediu para que o amado não lhe falasse a respeito. Contudo, a situação parece estar prestes a mudar. “Outro dia, ela me pediu conselho sobre um rapaz com quem estava ficando. Fiquei surpreso; ela nunca tinha feito isso antes.” A nova atitude de Roberta deixa claro que ela está em processo de mudança e que, talvez, em um futuro próximo, esteja pronta para ouvir as experiências de Gabriel também.

Fica claro, aqui, que aderir ao poliamor não significa desfazer-se imediatamente de antigos costumes. Mesmo o sentimento de culpa, ao relacionar-se com outros, pode levar um tempo antes de desaparecer por completo – dividir a si mesmo pode ser tão difícil quanto dividir o amado. “Quando decidi ficar com a outra garota, tive medo de não me sentir à vontade e, também, de machucar Roberta, mesmo aquilo fazendo parte do novo trato”, diz Gabriel, sobre o período em que a namorada viajou e os dois concordaram em experimentar uma relação mais livre. Ao recebê-la de volta, ele soube que os mesmos medos a atormentaram no início. Hoje, com quatro anos de namoro, os dois ainda já estão mais adaptados e continuam progredindo.

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Caio Costa e Daniela Brangato

Caio, 25 anos, namora há três anos com Danniela, de 20. O casal afirma que apenas o rapaz estava pronto para o formato, mas a moça entendeu e concordou com o ideal de liberdade apresentado. O namorado, então, lançou uma proposta. Primeiramente, apenas Danniela teria direito a se relacionar com outras pessoas, à escolha e gosto única e exclusivamente dela. E Caio permaneceria monogâmico até que ela se sentisse à vontade para deixá-lo livre também. Tempos mais tarde, enquanto eu os entrevistava, ela admitiu: “Estou ansiosa para que ele fique com outra pessoa. Quero saber como vou me sentir”.

Danniela diz que sente muito ciúme, mas tem trabalhado a mente para superar seus medos. “Com o passar do tempo, eu fui entendendo melhor essa filosofia e estou me adaptando”.

Creio eu que Danniela chegou a uma conclusão básica, porém difícil de absorver: o ciúme começa em você e termina em você. Portanto, não é fechando a relação que alguém vai livar-se do medo de abandono. Além disso, o ciúme pode existir em QUAQUER tipo de relação, seja ela amorosa, fraternal ou entre amigos. Vai dizer que você nunca ficou com invejinha do seu primo que estava recebendo atenção demais da sua mãe? Ou da sua melhor amiga que anda saindo demais com as outras amigas e nunca mais teve tempo para você? É normal, comum e aceitável (e vai que é saudável também) sentir um pouco de carência afetiva e, conseqüentemente, essa sensação de abandono. O que eu, particularmente, não acho aceitável (e nada saudável) é deixar que a carência tome conta de você e guie sua vida, suas atitudes para com o próximo, seja ele quem for.

Então, na prática, o poliamor pode funcionar sim! Só depende da sua maturidade emocional. Da sua atitude e intimidade intelectual para com seu parceiro, o qual também necessita ser maduro emocionalmente. Afinal, não adianta ser um tenista de primeira; se o jogador do outro lado da rede for ruim, muitas bolas irão cair fora. Todo campo tem sua linha de borda, inclusive o campo do poliamor, que não é nenhum “vale tudo” como muita gente acha. Pelo contrário! O poliamor funciona bem justamente quando há compreensão e respeito pelas necessidades do(s) amado(s), como vimos nos exemplos acima. Fato que me lembra o constante mal-entendido com o termo “anarquia”, que de forma alguma significa bagunça e sim consciência dos limites. Limites estes, que felizmente estão muito além das fronteiras do moralismo social.

É importante notar que, para tudo, há limites. Até limites precisam ter limite. E eu sei que é difícil definir liberdade, talvez por isso seja também difícil vivê-la, mas exige muito pouco entender que ela nada tem a ver com libertinagem. A primeira segue as próprias vontades sem deixar de respeitar o espaço do próximo, é o caso do poliamor; a segunda tende a invadir o alheio, não é o caso do poliamor, mas sim de determinadas instituições punitivas sociais.

Sim, é muita libertinagem institucional querer invadir e desqualificar qualquer tipo de desejo e escolha pessoal que não retire o direito de desejo e escolha do próximo.

É basicamente isso que a monogamia faz como instituição. Ela nega a possibilidade dos amantes desejarem uma segunda pessoa sem que isso desqualifique minimamente a relação primeira. E quase todos acreditam tão fielmente nessa “regra do amor” que preferem esconder desejos, sentimentos e concretizações à parte da relação oficializada e socialmente. Da mesma forma, as mulheres do passado não podiam divulgar ou sentir-se em paz ao terem relações sexuais antes do casamento, pois era considerado um absurdo, uma afronta aos valores morais da sociedade.

Não estou dizendo com isso que devamos nos desfazer de todo e qualquer valor moral. Simplesmente acho importante notar que certos valores criados (sim, criados! Afinal, todo valor é, de fato, criado, independente do que seus pais ou sua religião te dizem; instituição = criação) têm maior funcionalidade que outros. E tanto transar antes do casamento quanto se relacionar com mais de uma pessoa por vez definitivamente não atrapalham a sociedade de seguir em frente. Mais uma vez, pelo contrário! Quanto menos repressões desnecessárias e improdutivas, mais saúde mental, mais pessoas bem resolvidas e em paz consigo mesmas. Ninguém precisa esperar até o casamento para ter relações sexuais, assim como ninguém deveria se sentir obrigado a ter apenas um parceiro amoroso por vez, muito menos a ter que mentir para “burlar” isso. Afinal, guardar amor e desejo nunca fez bem a ninguém.

O poliamor chega justamente com a admissão consensual dessa liberdade de escolha. Estar com uma, nenhuma, duas, três ou mil pessoas é decisão única e exclusivamente sua, da sua vontade, do seu desejo. Na prática, tudo pode funcionar quando a gente quer e se esforça para isso. Inclusive o poliamor.

-Fernanda Fahel

3 dicas de livros para quem quer entender melhor o poliamor

Além de filmes, o Mundo Poli-Amoroso traz dicas semanais de livros que tratem direta ou indiretamente sobre o poliamor. Abaixo, 3 obras que vão te ajudar a entender melhor esse novo formato de relação amorosa. Para ficar em dia com as próximas publicações, siga nossa página no Facebook clicando aqui!

A Cama na Varanda – Edição revista ampliada

A cama na varanda - Regina Navarro Lins

Autor: Regina Navarro Lins
Editora: Best Seller Ltda
Ano de lançamento: 2012

Um dos maiores sucessos editoriais dos anos 90. “A Cama na Varanda” é daqueles livros que o tempo decanta. É assim porque sua base é a insatisfação que predomina nos relacionamentos amorosos e sexuais. Em A Cama na Varanda, Regina discorre brevemente sobre a história do amor desde a idade da pedra e trás exemplos reais das problemáticas de seus pacientes (sem expor identidades), associando-os ao atual contexto social.


Ame e Dê Vexame

223695_4Autor: Roberto Freire
Editora: Guanabara
Ano de lançamento: 1990

Ame e dê vexame aborda as dificuldades de uma vida amorosa numa sociedade voltada para o que está em oposição aos sentimentos. São textos que, ao relatar experiências pessoais, encerram lições valiosas para quem precisa assumir a precariedade de uma existência que não descarte o amor. Eles funcionam como um roteiro leve e bem humorado em favor da gratificação permanente, apesar das advertências de uma sociedade baseada na exploração e no consumo. Na série de textos sobre assunto tão candente, o autor explica as vantagens de mergulhar profundamente naquilo que pode causar escândalo em determinado momento, mas que revela-se, com o tempo, como a única grande motivação de se continuar vivo.


Poliamor no século XXI: Amor e intimidade com múltiplos parceiros

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Autor: Deborah Anapol
Editora: Rowman & Littlefield Publisher, Inc.
Ano de Lançamento: 2010

Poliamor significa ter relações emocionais intimas simultâneas e possivelmente sexuais com dois ou mais indivíduos, com conhecimento e consentimento de todos os envolvidos. O crescimento dessa prática nos Estados Unidos indica uma mudança significante na maneira que o casamento e as relações íntimas têm se desenvolvido nas últimas décadas. Esse é o primeiro livro sobre Poliamor escrito para um público universal, ou seja, tanto aqueles interessados em praticar o poliamor, quanto aqueles que não têm a menor intenção de fazê-lo. Leitores que gostariam de entender melhor essa visivelmente crescente forma de se relacionar vão encontrar respostas aqui. Pessoas que não praticam o poliamor vão encontrar uma análise cuidadosa desse estilo de vida e das variadas dificuldades, preocupações e recompensas que nascem com ele. (Tradução da autora)

Regina Navarro fala sobre poliamor, casamento e ciúme em entrevista exclusiva ao Mundo Poli-Amoroso

A psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins cedeu entrevista exclusiva ao nosso blog! A consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da Rede Globo, se disponibilizou a bater um papo com o Mundo Poli-Amoroso em torno de 4 tópicos divididos em uma playlist para que o ouvinte possa ir direto à informação desejada. Os tópicos estão dispostos na seguinte ordem:

1. Poliamor e Monogamia;
2. Homem x Mulher – Casamento, Expectativas e Traição;
3. Ciúme;
4. O Poliamor na Sociedade – Preconceitos e Normatização.

Vale ressaltar que Navarro é autora de 11 livros sobre relacionamento amoroso e sexual. Entre eles, “A Cama na Varanda”, sucesso desde os anos 90, e “O Livro do Amor” I e II, resultado de 5 anos de pesquisa e lançados recentemente.

Confira a entrevista abaixo!

Mais 3 dicas de filmes que retratam o poliamor

Castillos de Carton (Espanha, 2009)


de Salvador García Ruiz
Conta a história de amor entre três estudantes de belas artes. Jaime e Marcos se apaixonam por María José e decidem compartilhar uma relação afetivo-sexual com a moça, em vez de disputá-la. María também gosta de ambos os rapazes e aceitar viver o namoro a três. Apesar de tratar mais sobre o lado afetivo, o filme tem bastante conteúdo sexual.

Sexo dos Anjos (Espanha, Brasil, 2012)


de Xavier Villaverde
Bruno e Carla estão em relacionamento monogâmico há anos. Um dia, porém, o rapaz conhe Rai durante uma apresentação de street dance a acaba se apaixonando. No início, Carla sente-se traída, mas ao deixar-se conhecer melhor o novo interesse de Bruno, ela acaba se apaixonando por ele também.

Demasiada Carne (França, 2000)


de Pascal Arnold e Jean-Marc Barr
No Illinois dos nossos dias, um homem de 35 anos cujo casamento, arranjado por questões de conveniência, nunca foi consumado, descobre a sexualidade com uma estrangeira de passagem. A liberdade do casal contagia os outros e semeia a desordem numa comunidade rural marcada pela hipocrisia e pelo puritanismo excessivo. (Texto retirado do página Cinema Sapo)

Conheça 4 filmes que retratam o poliamor

Toda semana, o Mundo Poliamoros trará para vocês dicas de filmes que tratem sobre a poliafetividade. Confira agora as 4 primeiras indicações!

PRAZER A TRÊS (EUA, 2006)

de William Tyler Smith
Filme de conteúdo um tanto erótico. Retrata os limites de uma relação amorosa. Um casal se vê entediado e resolve engatar novas experiências. Dispostos a viver uma relação a três, eles conhecem uma espanhola e acabam agregando ela ao casamento. Gradativamente, eles vão descobrindo os prazeres e as dificuldades de uma relação múltipla e passam a enxergar a situação de maneira completamente diferente da que antes enxergavam. A relação vai se transformando até que passa por uma crise, com a qual os três precisam aprender a lidar da melhor maneira possível.

DIETA MEDITERRÂNEA (ESPANHA, 2008)

de Joaquin Oristrell
Desde que nasceu, Sofia (Olivia Molina) viveu rodeada de homens, em meio aos fogões do restaurante de seus pais. Já adulta, ela se torna chef do estabelecimento e casa-se com Toni (Paco León), com quem tem três filhos. Mesmo amando muito seu marido, Sofia se apaixona por Frank (Alfonso Bassave), o agente que todo artista gostaria de ter, e, com ele, aprende os segredos da gastronomia. Logo ela abre o jogo para o marido e os três firmam um acordo amoroso e profissional que revoluciona a vida culinária e pessoal de Sofia.

OS TRÊS (BRASIL, 2011)

Cazé (Victor Mendes), Camila (Juliana Schalch) e Rafael (Gabriel Godoy) se conheceram na porta do banheiro em uma festa. Os três chegaram há pouco tempo na cidade e apenas Cazé encontrou um lugar para morar: um galpão abandonado. Logo eles se tornam amigos e passam a morar juntos, durante todo o período da faculdade. Entretanto, há uma regra básica: não pode haver qualquer envolvimento entre eles, em nome da boa convivência. Cazé, Camila e Rafael andam tão juntos que logo são apelidados pelos colegas como se fosse um só, os 3. Já perto do fim do curso, Rafael pensa em se mudar por notar que sente algo por Camila. Até que surge uma inusitada proposta: que eles estrelem um reality show em sua própria casa, baseado em um trabalho que apresentaram na faculdade. Percebendo ser esta a única chance de permanecerem juntos, eles topam. (Texto extraído do site Adoro Cinema)

VICKY CRISTINA BARCELONA (EUA, 2008)

De Woody Allen
As irmãs americanas Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) são completamente opostas. Vicky é centrada e tenta ao máximo seguir os padrões culturais que lhes foram ensinados sobre amor e trabalho. Já Cristina é aventureira, está sempre mudando o rumo de sua vida, especialmente quando o assunto é amor. As duas fazem uma viagem de três meses à Barcelona, na Espanha, onde conhecem Juan Antonio (Javier Bardem), ex-marido da pintora Maria Elena (Penelope Cruz), uma mulher que levas as emoções ao extremo. Ao abordar as irmãs e se apresentar, Juan Antonia convida as duas para passar um final de semana em Oviedo, deixando claro suas intenções, que, mais tarde irão gerar uma relação bem diferente das usuais.

As coisas que chamamos de amor – Friedrich Nietzsche

Vale a pena ler com bastante atenção o aforismo abaixo, retirado da obra “A Gaia Ciência”, de Nietzsche. O filósofo questiona o significado de amor, relacionando-o com o conceito de ego ao ponto de interpreta-los como uma coisa só nomeada de formas diferentes. Ele explica o desejo de posse nos relacionamentos afetivos e deixa claro que considera a monogamia um formato muito egoísta. Ao final do aforismo, Nietz expõe o que é o amor ideal para ele. Confiram!

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Imagem: Dan Hillier

“Cobiça e amor: que sentimentos diversos evocam essas duas palavras em nós! – e poderia, no entanto, ser o mesmo impulso que recebe dois nomes; uma vez difamado do ponto de vista dos que já possuem, nos quais ele alcançou alguma calma e que temem por sua ‘posse’; a outra vez do ponto de vista dos insatisfeitos, sedentos, e por isso glorificado como ‘bom’.

Nosso amor ao próximo – não é ele uma ânsia por nova propriedade? E igualmente o nosso amor ao saber, à verdade, e toda ânsia por novidades?

Pouco a pouco nos enfadamos do que é velho, do que possuímos seguramente, e voltamos a estender os braços; ainda a mais bela paisagem não estará certa do nosso amor, após passarmos três meses nela, e algum litoral longínquo despertará nossa cobiça: em geral, as posses são diminuídas pela posse. Nosso prazer conosco procura se manter transformando algo novo em nós mesmos – precisamente a isto chamamos possuir.

Enfadar-se de uma posse é enfadar-se de si mesmo.

(Pode-se também sofrer da demasia – também o desejo de jogar fora, de distribuir; pode ter o honrado nome de “amor”.)

Quando vemos alguém sofrer, aproveitamos com gosto a oportunidade que nos é oferecida para tomar posse desse alguém; é o que faz o homem benfazejo e compassivo, que também chama de “amor” ao desejo de uma nova posse que nele é avivado, e que nela tem prazer semelhante ao de uma nova conquista iminente.

Mas é o amor sexual que se revela mais claramente como ânsia de propriedade: o amante quer a posse incondicional tanto sobre sua alma como sobre seu corpo, quer ser amado unicamente, habitando e dominando a outra alma como algo supremo e absolutamente desejável.

Se considerarmos que isso não é outra coisa senão excluir todo o mundo de um precioso bem, de uma felicidade e fruição; se considerarmos que o amante visa o empobrecimento e privação de todos os demais competidores e quer tornar-se o dragão de seu tesouro, sendo o mais implacável e egoísta dos ‘conquistadores’ e exploradores; se considerarmos, por fim, que para o amante todo o resto do mundo parece indiferente, pálido, sem valor; e que ele se acha disposto a fazer qualquer sacrifício, a transtornar qualquer ordem, a relegar qualquer interesse: então nos admiraremos de que esta selvagem cobiça e injustiça do amor sexual tenha sido glorificada e divinizada a tal ponto, em todas as épocas, que desse amor foi extraída a noção de amor como o oposto do egoísmo, quando é talvez a mais direta expressão do egoísmo.

Nisso, evidentemente, o uso lingüístico foi determinado pelos que não possuíam e desejavam – os quais sempre foram em maior número, provavelmente. Aqueles que nesse campo tiveram posses e satisfação bastante deixaram escapar, aqui e ali, uma palavra sobre o ‘demônio furioso’, como fez o mais adorável e benquisto dos atenienses, Sófocles: mas Eros sempre riu desses blasfemos – eram, invariavelmente, os seus grandes favoritos.

– Bem que existe no mundo, aqui e ali, uma espécie de continuação do amor, na qual a cobiçosa ânsia que duas pessoas têm uma pela outra deu lugar a um novo desejo e cobiça, a uma elevada sede conjunta de um ideal acima delas: Mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade.”

F. Nietzsche, em A Gaia Ciência.

“No que os poliamoristas em geral acreditam?”

A psicanalista e escritora Regina Navarro lista os valores que inspiram a prática do poliamor. O material foi tirado do livro A Cama na Varanda – edição ampliada.

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  • Os poliamoristas dizem que sua filosofia nada mais é do que aceitação direta e a celebração da realidade da natureza humana.
  • Os poliamoristas dizem que o sexo não é o inimigo, que o real inimigo é a quebra e a traição de confiança resultante da tentativa de reprimir nosso ser natural em um sistema social rígido e antinatural.
  • Os poliamoristas dizem que o sexo é uma força positiva se aplicada com honestidade, responsabilidade e verdade.
  • Os poliamoristas não têm de atender a todas as necessidades de cada parceiro; eles devem ajudar. Se sua esposa ama ópera e você não gosta, talvez algum de seus amantes apreciará levá-la à ópera. Se ele for também um mago da informática e ajudar a consertar seu computador quando ele não funciona direito, você é uma pessoa de sorte.
  • Os poliamoristas dizem que o amor é um recurso infinito, e não finito. Ninguém duvida de que você possa amar mais de um filho. Isso também se aplica aos amigos – quando você encontra um novo amigo, não precisa se preocupar com quem terá de descartar para colocá-lo no lugar.
  • Os poliamoristas dizem que o ciúme não é inato, inevitável e impossível de superar. Mas eles lidam com o ciúme usualmente de forma bem-sucedida. Há um novo termo para o oposto do ciúme: “compersion” (sem tradução para o português ainda, talvez possa ser traduzido como algo perto de “comprazer”). “Compersion” é o sentimento de contentamento que advém do conhecimento de que uma pessoa que você ama é amada por mais alguém.
  • Os poliamoristas dizem que o amor deve ser incondicional, no lugar da proposição monogâmica de que “Eu irei amar você sob a condição de que você não amará mais ninguém”, “Desista de todos os outros”, como usualmente é colocado. E, conforme demonstrado pela história, o casamento monogâmico não dá nenhuma garantia de que uma pessoa não amará mais ninguém ao longo da vida.
  • Os poliamoristas acreditam em um investimento emocional de longo prazo em relacionamentos; assim como esse objetivo nem sempre é alcançado no poliamor, ele também nem sempre é alcançado na monogamia.
  • Os poliamoristas acreditam que eles representam os verdadeiros “valores familiares”. Eles têm a coragem de viver um estilo de vida alternativo que, embora condenado pela sociedade, é satisfatório e recompensador para eles. Crianças que têm muitos pais e mães têm mais chances de serem bem cuidadas e menos riscos de se sentirem abandonadas se alguém deixa a família.